O termo sobrecarga de trabalho, na zona rural, pode ter um dos seguintes significados:
1 - Mais de 8h/dia de trabalho ou mais de 40h/semana;
2 - Uso abusivo de horas extras trabalhadas num só dia;
3 - Emprego de criança(s) em trabalho(s) de adultos;
4 - Rotina de viúvas pobres, com filhos, no semi-árido; e
5 - Trabalho que ultrapassa os limites humanos.
Quando comparado à uma máquina, o homem pode ser substituído por um simples motor elétrico de 0,25 HP e a um custo muito menor. Contudo, o trabalho manual é parte importante das atividades agrícolas, como as que exigem o uso de ferramentas manuais e que máquina alguma pode substituir.
O trabalho seguro e prazeiroso nas atividades agrícolas, depende da compreensão dos limites humanos e da sua correta aplicação nas situações reais encontradas.
Via de regra, devemos estar atentos aos limites humanos quando se está executando qualquer trabalho, em
especial aqueles que exigem mais esforço do que o normal. Esses limites podem ser classificados em três áreas:
Os limites físicos são aqueles ditados pelas características do indivíduo: sexo, altura, peso e biotipo. Caso uma dada tarefa exija que você ultrapasse esses limites, então, você precisa de ajuda. Essa ajuda pode ser uma escada, uma chave de fenda, uma carreta ou algo que aumente a sua capacidade física de realizar o trabalho. Não se angustie desnecessariamente e nem exceda os seus limites. No capítulo sobre tratores damos outros exemplos desses limites.
Os limites fisiológicos são aqueles que se relacionam a: tonus muscular, aptidão física, descanso, efeitos de drogas, boa saúde e nutrição. Esses limites podem variar de dia para dia e de estação do ano para estação. Assim, a doença, a fadiga e a fome, p.ex., afetam os nossos limites durante uma rotina de trabalho. Devemos dar atenção aos sinais de aviso emitidos pelo próprio corpo e que podem, geralmente, preveni-lo da ultrapassagem dos seus limites fisiológicos.
Os limites mentais e emocionais são de predição mais difícil e, em geral, variam de dia para dia, dependendo do nível de estresse mental do indivíduo. Se uma pessoa tem a capacidade de entender uma tarefa, captar a informação e tomar decisões acertadas, deve também ser capaz de executar um bom trabalho com segurança. Considerando os aspectos mentais-emocionais, o trabalho mais seguro será aquele que permita ao trabalhador executá-lo de modo feliz, satisfeito e bem ajustado.
O estresse laboral, com seqüelas nocivas para o indivíduo, age sob a forma de moléstia, falta de saúde com alterações cardíacas e respiratórias, gastrite , úlcera, transtorno do sono, náuseas e com isso há desgaste do rendimento ou da qualidade de trabalho.
O Japão é o único país do mundo onde existe uma palavra para definir a "Morte por excesso de trabalho": KAROSHI. Sobre o significado do termo, KARO= excesso de trabalho e SHI = Morte. O KAROSHI (morte por sobrecarga de trabalho) é descrito na literatura sócio-médica como um quadro clínico extremo (ligado ao estresse ocupacional) com morte súbita por patologia coronária isquêmica ou cérebro vascular. KAROSHI é um acometimento fatal por sobre-esforço, sendo considerado uma doença relacionada ao trabalho e que freqüentemente está associada a longos períodos de horas trabalhadas.
O 1o caso registrado sobre KAROSHI deu-se em 1969, no Japão, quando da morte de um trabalhador de 29 anos, empregado da área de distribuição de jornais da maior empresa japonesa do ramo, por infarto. Na atualidade, anualmente, o Ministério do Trabalho Japonês tem indenizado entre 20 a 60 famílias/ano de trabalhadores que morrem pelo KAROSHI.
Na metade da década de 70 o termo Burnout, que no sentido literal significa "estar esgotado" ou "estar queimando", caracteriza indivíduos com profissões de apoio, e de prestação de serviços aos semelhantes. As pessoas em estado extremo de estresse sentem fadiga (resultante da sobrecarga de trabalho); insatisfação (resultante da comparação com a situação vivenciada e seus anseios); frustração (resultante de um teor impróprio em relação às competências e às necessidades do indivíduo); angústia (resultante do conflito da contradição entre os impulsos das pressões e dos desejos); medo (caracterizado por problemas de sono e pelo consumo de medicamentos); ansiedade (caracterizada por tensão nervosa e medo); agressividade, resistência e crueldade (decorrentes das relações do trabalho e incompatibilidade com a hierarquia, chefia, e os outros profissionais); alcoolismo (vícios decorrentes de insatisfação e frustração).