Pegado (1991) considera que a Ergonomia tem os seus objetivos centrados na humanização do trabalho e na melhoria da produtividade. As condições de trabalho incluem todos os fatores que possam influenciar na performance e satisfação dos trabalhadores na organização. Isso envolve o trabalho específico, o ambiente, a tarefa, a jornada de trabalho, o horário de trabalho, salários, além de outros fatores cruciais relacionados com a qualidade de vida no trabalho, tais como nutrição, nível de atividade física habitual e todas condições de saúde em geral.
O desempenho dos indivíduos dentro de uma organização está diretamente ligado à conformidade entre os seus valores pessoais e os valores da organização, ou seja, a cultura, e o clima organizacional. É evidente, também, que em função desta conformidade, o empregado passa a sentir-se como parceiro e participante do processo, resultando a sua conveniência dentro da organização não somente na satisfação das suas necessidades econômicas, mas também, na realização das suas necessidades de auto realização profissional dentro de um ambiente de trabalho bastante agradável.
Segundo a Norma Reguladora do Ministério do Trabalho relativa à Ergonomia - NR-17, a
organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza
do trabalho a ser executado. Para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo:
Iida (1993) define a Ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Neste contexto o autor alerta para a importância de se considerar além das máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, ou seja, não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados.
Os serviços realizados na zona rural, via de regra, caracterizam-se por trabalho intensivo onde freqüentemente exige-se dos agricultores alta produtividade em tempo limitado, porém em condições inadequadas de trabalho, com problemas de ambiente, equipamentos e processos. Tais condições acabam levando à insatisfações, cansaços excessivos, queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho.
Produtividade e qualidade não se alcançam com treinamento puro e simples de pessoal mas andam de mão dadas com outros critérios ergonômicos, os quais têm como principal campo de ação a concepção de meios de trabalho adaptados às características fisiológicas e psicológicas do homem e de suas atividades (Odebrecht et al, 1993).
A pressão temporal da produção e a pouca flexibilidade do sistema, como problemas gerados pelas características do produto envolvendo perecibilidade e cuidados de manipulação (como é o caso da produção de leite), e a necessidade da produção ter que ajustar-se aos horários de entrega ou transbordo do produto ao laticínio, criam situações de tensão.
Para corrigir essa situação, diversas fazendas/empresas rurais estão buscando filosofias administrativas cujo foco são as necessidades dos agricultores, uma vez que a capacidade do trabalhador é o mais importante fator de produtividade levando-se em conta que a capacidade humana é fortemente afetada pelas normas de produção, projetos de produtos ou serviços, layout das instalações e projeto dos equipamentos.
Em relação aos recursos humanos, diversos autores (Duke e Sneed, 1989; Vyskocil-Czajkowski e Gilmore, 1992; Visocan et al, 1993; Hsieh et al, 1994), têm considerado as características do trabalho como um significante fator predisponente para a satisfação do trabalho e ao mesmo tempo capaz de reduzir as taxas de absenteísmo e turnover, aumentar a produtividade, melhorar a moral, a motivação e desempenho dos trabalhadores, ajudar no recrutamento, na base de conhecimento e técnicas de trabalho.
A análise ergonômica do trabalho, conduzida de maneira ampla e procurando observar o contexto organizacional e de trabalho, permite identificar e avaliar como as diversas condicionantes tecnológicas, econômicas, organizacionais e sociais afetam o trabalho dentro da empresa e conduz ao estabelecimento do quadro geral de necessidades da organização (Gontijo e Souza, 1993).
Kazarian (1989) e Kotschevar (1985) têm escrito extensivamente sobre produtividade e ambos advertem que o melhor caminho para alcançar a produtividade é planejar áreas de trabalho de forma que os trabalhadores não tenham que alcançar objetos e se deslocar além de certos limites, pois se as limitações e capacidades do homem, forem respeitadas na sua atividade de trabalho, isso proporcionará uma performance mais criativa, mais inteligente e portanto mais eficiente.
Segundo Hotchkin (1979), vários experts têm advertido para uma melhor administração de pessoal, incluindo treinamento, maior motivação, estudos de tempo e movimento e simplificação do trabalho. Alguns consultores e projetistas de equipamentos recomendam melhor layout e equipamentos modernos para reduzir o trabalho.
Um aspecto interessante das questões discutidas aqui, é que a motivação de um trabalhador não depende unicamente do administrador, mas é um processo que vem de dentro e é afetado pelo ambiente de trabalho e estilo administrativo do administrador. Isso nos leva a pensar na relação entre produtividade e aspectos culturais.