Fósforo

Na maioria das águas continentais o fósforo (P) é o principal fator limitante de sua produtividade. Além disso, é apontado como o principal responsável pela eutrofização. Esta importância deve-se à sua participação em processos fundamentais no metabolismo dos seres vivos, tais como: o armazenamento de energia e a formação da membrana celular.

Ciclo do Fósforo

O fosfato se apresenta nos mananciais sob três formas:
1 - fosfato particulado; 2 - fosfato orgânico dissolvido; e 3 - fosfato inorgânico dissolvido. Daí resultam: a) fosfato total dissolvido e b) fosfato total. Do ponto de vista limnológico, todas as formas ou frações de fosfato são importantes, no entanto, o fosfato inorgânico dissolvido (ou ortofosfato, ou fosfato reativo, ou P-orto) é o mais importante por ser a principal forma de fósforo assimilada pelos vegetais aquáticos. Dessa maneira, a sua quantificação em pesquisas limnológicas torna-se indispensável.

Na água, o P-orto pode estar sob diferentes espécies iônicas em função do pH do meio: H3PO4, H2PO4-, HPO4= e PO4^3-. Como em águas continentais a faixa de pH mais frequente situa-se entre 5 e 8, as formas iônicas predominantes são H2PO4- e HPO4=.

Nos lagos tropicais, devido à alta temperatura da água, o metabolismo dos organismos aumenta consideravelmente, fazendo com que o P-orto (fósforo inorgânico dissolvido) seja ainda mais rapidamente assimilado e incorporado na sua biomassa. Esse é um dos principais motivos pelo qual, nestes lagos, excetuando os eutrofizados artificialmente, a concentração de P-orto é muito baixa; geralmente abaixo do limite inferior de detecção da maioria dos métodos analíticos atualmente disponíveis (Esteves, 1998).

O Fósforo total e o Estado Trófico

Nos lagos tropicais, a distribuição das diferentes frações de fosfato na coluna d´água, parece não estar estreitamente relacionada com o seu estado trófico, como acontece nas regiões de clima temperado. Ela está mais relacionada com a concentração de oxigênio e o regime de estratificação térmica, do que com a produtividade primária fitoplanctônica.

No caso dos reservatórios, além desses fatores, a quantidade de vegetação inundada, quando da sua formação, é de fundamental importância na determinação da concentração e da distribuição do fosfato na coluna d´água.

Os limites de concentração de fosfato para cada estado trófico variam de autor para autor. Assim, p.ex., a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) utiliza os seguintes valores: lagos oligotróficos < 10 ug/l, lagos mesotróficos 10 - 20 ug/l e lagos eutróficos > 20 ug/l de fosfato total. Segundo Vollenweider (1968), modificado e ampliado por Ryding & Rast (1989), a concentração de P-total em relação ao estado trófico de lagos, é mostrada na Tabela abaixo:

ESTADO TRÓFICO DE LAGOS TEMPERADOS E TROPICAIS
(P-total em ug/l)
Estado Trófico Temp. Trop.
Ultra-oligotrófico < 5 < 10
Oligotrófico 5 - 10 > 10
Mesotrófico 10 - 30 > 20
Eutrófico 30-100 > 50
Hipertrófico > 100 > 200
FONTE: Fundamentos de Limnologia. Esteves, 2a.ed., 1998 e
Diretrizes para o Gerenciamento de Lagos. Tundisi, 2000.

Branco (1986) cita que a presença de P e N nos mananciais, em concentrações superiores a 0,01 e 0,03 mg/l respectivamente, determinam proliferações algais, as quais causam sérios problemas à utilização desses locais. Por outro lado, Tundisi & Tundisi (1992 apud Beyruth, 1996), mencionam que valores entre 0,005 e 0,006 mg/l (= 5 e 6 ug/l de P) são limítrofes entre o estado de Mesotrofia e Eutrofia para lagos tropicais. O Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, em sua Resolução No. 20/86, define o limite de 0,025 mg/l de P para rios de classe 2.

A figura abaixo, traduzida de um site norte-americano, mostra os valores de Fósforo-total e a sua interpretação.

P-total

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