Segundo a Organização Internacional do Trabalho - OIT, as atividades ligadas ao trabalho que mais causam mortes em todo o mundo são: a agricultura, a mineração, a construção e a pesca comercial. Por outro lado, a nova Norma Regulamentadora Rural (NR-31 do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE), contempla a aquicultura. Este capítulo, portanto, é dedicado a todas as atividades ligadas à pesca, quais sejam: pesca industrial, artesanal, esportiva e aquicultura.
É bom lembrar que existe uma norma específica do MTE para quem trabalha em grandes embarcações de cabotagem: aquelas superiores a 500 t AB (arqueamento bruto), a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário - NR30. Para esses barcos é necessário, inclusive, a criação do Grupo de Segurança e Saúde no Trabalho a Bordo de Navios Mercantes - GSSTB.
O Brasil tem um potencial imenso para a pesca e aquicultura: extenso litoral (8.500 km de extensão), rios em abundância (o maior potencial hídrico do planeta), centenas de represas, açudes e clima favorável à atividade. As artes de pesca também são muitas: anzol, rede, currais, arpão e outras. O que atrapalha é a poluição das águas, principalmente por esgotos domésticos.
Infelizmente não existem muitos dados facilmente disponíveis, no Brasil, sobre a pesca industrial. Baseado no trabalho Análise Estatística de Acidentes com Barcos de Pesca (Carneiro, COPPE/UFRJ), reproduzimos a maioria das informações deste capítulo.
Segundo o trabalho acima, a maioria dos acidentes ocorrem em barcos com AB < 20 toneladas, como o da foto ao lado. Esses acidentes resultam em elevado número de mortes e feridos, com média de 10 acidentes por ano, como ocorre na região pesqueira de Cabo Frio (entre Cabo Frio-RJ e Saquarema-RJ).
Nos últimos 3 anos, um em cada três acidentes com barcos de pesca, aconteceu nos 636 km de costa das águas fluminenses. No período 1995/97, entre Rio de Janeiro e Espírito Santo, o Primeiro Distrito Naval registrou 545 acidentes. No restante do País, no mesmo período, ocorreram 952 acidentes, com um total de 677 vítimas (501 mortes e 176 feridos), ou seja, para cada pessoa ferida em um acidente, outras três perderam a vida.
Segundo o Centro de Ocupação e Formação Marítima de Bamio - COFM (Espanha, 1992), nos acidentes com barcos de pesca a nível mundial, 35% são atribuídos a falha material, 31% devido ao mau tempo, 17% a falha humana e 17% de causas desconhecidas. Dentre os acidentes causados pelo mau tempo, foram detectadas influências de fatores como a estrutura do barco, material empregado na sua construção e idade da embarcação.
No Brasil, as principais causas dos acidentes na pesca comercial e artesanal são as seguintes:
No trabalho feito sobre a pesca em Cabo Frio, as avarias nas máquinas e/ou apetrechos de pesca foram as causas mais frequentes de acidentes, entretanto, com baixo número de vítimas. Em segundo lugar, 2 outros tipos de acidentes: o naufrágio e o emborcamento, com 19 vítimas fatais e 32 feridos, no período de 1995/98.
Em termos percentuais, esses acidentes assim se distribuiram:
No Primeiro Encontro Nacional sobre Segurança e Saúde na Atividade Pesqueira, reiterou-se a importância da exigência para todas as embarcações, do uso do GPS (posicionamento por satélite) a bordo, bem como a relevância de cursos sobre manutenção de motores e eletricidade e de como se deve proceder em casos de incêndio a bordo e os mais importantes primeiros socorros. São questões simples que poderiam em muito amenizar os problemas decorridos no mar.
A ocorrência de acidentes com barcos de pesca, pode medida através de um índice, usado internacionalmente:
Pan = Nn / (t * Ne) onde:
Pan = taxa anual de naufrágio
Nn = número de naufrágios registrados
Ne = número de barcos na frota regional e
t = tempo considerado
Vejamos um exemplo:
Em 3,8 anos ocorreram 8 naufrágios numa frota de 450 barcos, logo:
Pan = 8 / (3,8 x 450) = 0,0047
Entre as atitudes que podemos tomar para evitar que ocorram acidentes em barcos de pesca, destacamos:
1 - Operadoras de rádio que fazem contato permanente com suas embarcações (como a Estação Costeira Cabo
Frio Rádio) e transmitem informações diárias e reais de tempo, dão notícias da família e prestam socorro.
2 - Órgãos Licenciadores, como a Capitania dos Portos, que fornecem o alvará para licenciamento das embarcações
e fiscalizam periodicamente as suas condições de uso.
3 - Cursos de Capacitação dos timoneiros, operadores de máquina e demais membros da tripulação.
O principal equipamento de proteção coletiva (EPC) é o bote salva-vidas, como o que vemos na imagem ao lado, à bordo de um navio (vê-se a chaminé, ao fundo). Nos barcos menores, com porte igual ou inferior a 20 t de arqueamento bruto (AB), como os barcos pesqueiros, esse bote pode ser menor, de madeira, e vir rebocado por um cabo, atrás do barco maior, na água.
Em outros casos, para diminuir o peso e poupar espaço, pode-se lançar mão de um bote inflável, como o que vemos na imagem aqui ao lado. Ele é comum a bordo de aeronaves, para o caso de pouso forçado na água.
O principal equipamento de proteção individual (EPI) para o pessoal embarcado é o colete salva-vidas, como o da imagem. Pode ser inflável ou não. É obrigatório em qualquer embarcação. Mesmo estando à bordo de um bote salva-vidas, deve-se usar o colete, de preferência, no tamanho adequado ao seu tórax, para não ficar muito incômodo.
Outros EPI´s recomendados para as atividades da pesca e da aquicultura são os seguintes: