Quando da Reforma Universitária
promovida no país no início da década
de setenta, a Universidade Rural, na reformulação
de seu currículo para o curso de Engenharia Agronômica,
implantou um curso diversificado em três modalidades:
a modalidade de Fitotecnia, a modalidade de Tecnologia
de Alimentos e a modalidade de Engenharia Agrícola.
Nesta ocasião, estavam se iniciando os primeiros
cursos de Engenharia Agrícola no país,
experiência que resolvemos não adotar,
inicialmente.
As razões que levaram a Universidade
a não partir diretamente para a criação
do curso de Engenharia Agrícola foram várias
e, dentre elas, talvez a que mais tenha pesado, foi
sua tradição no curso de Engenharia Agronômica.
A modalidade de Engenharia Agrícola
se propunha a formar um Engenheiro Agrônomo mais
capacitado para lidar com as questões do campo,
porém, com forte conhecimento para buscar soluções
relacionadas à adequação da infra-estrutura
de produção, não deixando de lado
sua formação Agronômica.
No início da década de
oitenta, as discussões voltadas à reformulação
dos currículos dos cursos das Ciências
Agrárias, culminando com definição
por parte do Conselho Federal de Educação
dos currículos mínimos para estes cursos,
direcionou a discussão do currículo de
Agronomia para a formação de um profissional
dito eclético, derrubando a visão de modalidades
adotada na Universidade Rural.
As discussões internas foram
difíceis, uma vez que, unir praticamente três
profissionais em um único, é uma tarefa
quase impossível. Na briga de poderes, o Engenheiro
Agrônomo da Rural foi caracterizado como um profissional
eclético, porém Fitotecnista.
As argumentações apresentadas
pelo Departamento de Engenharia para defender uma formação
mais sólida em Engenharia não foram aceitas,
vencendo as idéias do grupo majoritário.
A saída natural para o Departamento
de Engenharia, dado o seu potencial acumulado, resultante
de um esforço de qualificação de
seu quadro docente, seria partir para a criação
do curso de Engenharia Agrícola. Esta proposta
foi encaminhada pelo Departamento, de modo informal,
não encontrando receptividade dentro da instituição.
Em seu Plano Departamental apresentado
em 1992, o departamento apontou para a necessidade de
aprofundar as discussões para a criação
do curso, caso considerasse viável ou, partir
para usar todo o seu potencial de formação
em Engenharia Agrícola para a pós-graduação
que estava se iniciando. Por diversas razões
este estudo não foi feito, e a pós-graduação
foi interrompida.
No seu Plano Departamental apresentado
em 1994, o departamento direcionou seus objetivos para
o fortalecimento do curso de Agronomia, no tocante à
sua formação em Engenharia. As propostas
apresentadas para o Colegiado do curso de Agronomia,
em função das discussões ocorridas
ao longo de 1997 visando adequar o currículo
atual, não foram aceitas, tendo sido deixadas
para as discussões que ocorreriam ao longo de
1998, o que não ocorreu.
A expectativa é de dificuldades
em aumentar a participação de Engenharia
na Agronomia, uma vez que a visão do profissional
Fitotecnista ainda prevalece na Universidade Rural,
comprometendo potencialmente o seu registro profissional,
inclusive.
Em vários momentos tem sido
levantada a hipótese do Departamento de Engenharia
passar a integrar o Instituto de Agronomia, fortalecendo
aquele Instituto na formação do Engenheiro
Agrônomo. A grande dificuldade nestas discussões,
sempre esteve relacionada ao caráter meramente
político desta atitude.
Em 1994 a chefia do Departamento foi
procurada pela Direção do Instituto de
Agronomia para discutir este assunto. Em reunião
da chefia, da direção e alguns professores,
o Departamento deixou claro a necessidade de que esta
atitude estivesse vinculada ao aumento da formação
em Engenharia e da atuação mais forte
na pós-graduação. A participação
na pós-graduação em Fitotecnia
foi aceita, culminando com algumas reuniões,
não levando a efeitos práticos devido
ao falecimento prematuro do professor Osamu Kimura,
então coordenador do curso. No tocante à
graduação nada se discutiu à medida
que se trata de um verdadeiro tabu.
Com os avanços tecnológicos
nas áreas de Engenharia Agrícola, os professores
sentiram necessidade de se aperfeiçoarem em cursos
de mestrado e doutorado, o que veio fortalecer as áreas
de Recursos Hídricos, Mecanização
Agrícola, Armazenamento de Grãos e Energização
Rural, Informática, e Cartografia do Departamento.
Com professores especializados e a extinção
da modalidade de Engenharia Rural do curso de Agronomia,
o departamento vislumbrou num momento em que a agricultura
brasileira face aos avanços nas áreas
de Engenharia Agrícola, apresenta papel importante
na geração de divisas para o país,
a criação do curso de Engenharia Agrícola
na UFRRJ, cuja aprovação ocorreu no Conselho
Universitário em 17 de agosto de 1999 (deliberação
n?16).
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