RESUMO
BELCHIOR, Cristiane. Comparação
do Efeito Analgésico entre Morfina, Tramadol e
Buprenorfina
A ovariossalpingo-histerectomia
(OSH) é a cirurgia mais comumente realizada na clínica de
pequenos animais com objetivos de controlar a população e evitar
problemas futuros de ordem reprodutiva. Este procedimento cirúrgico
cursa num grau de dor moderado requisitando de um tratamento analgésico
adequado. A dor pós-operatória, quando não corretamente
diagnosticada e tratada, deixa de ser um mecanismo de defesa natural e torna-se
nociva, promovendo alterações sistêmicas relevantes que retardam
a recuperação do paciente. O objetivo deste trabalho foi comparar
o efeito analgésico no período trans e
pós-operatório entre morfina, tramadol
e buprenorfina administrados preventivamente em gatas
submetidas a OSH. Neste estudo foram utilizadas 30
gatas, sem raça definida e hígidas. Os
animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos de 10
animais. O grupo M recebeu de medicação
pré-anestésica (MPA), maleato de acepromazina (0,05 mg/kg) e sulfato de morfina (0,2 mg/kg)
pela via intramuscular (IM). O grupo T recebeu acepromazina
(0,05 mg/kg) e Tramadol (2 mg/kg) pela via IM. Ao
grupo B foi administrado acepromazina na mesma dose e
buprenorfina (0,01 mg/Kg)
via IM. Após 20 min da MPA, os animais recebiam de indução
anestésica tiopental 2,5% na dose de 12,5
mg/kg pela via intravenosa. Os animais eram intubados
e mantidos com isoflurano diluído em
oxigênio a 100% através do vaporizador universal, conectados a um
circuito de Mapleson D (Baraka). A
avaliação da dor e sedação foi realizada por um
mesmo observador em todos os animais, e este não conhecia o tratamento
utilizado (duplo cego). Os tempos de avaliação eram:
pré-operatório; 10, 20 e 30 minutos de
cirurgia, 1, 2, 4 e 6 horas após o término da mesma. A
avaliação subjetiva da dor foi realizada através da escala
análoga visual e da escala descritiva nos momentos antes e após a
cirurgia. A mensuração dos parâmetros objetivos
freqüência cardíaca (FC), freqüência
respiratória (FR), temperatura (Temp),
glicemia (GL), tempo de perfusão capilar (TPC) e análise de
mucosas foram realizados nos momentos antes, durante e após a cirurgia,
já a aferição da pressão arterial sistólica (PAS) e saturação de
oxigênio na hemoglobina (SpO2) foram realizadas somente durante o
procedimento cirúrgico. A comparação dos parâmetros
objetivos e subjetivos entre os três grupos foi realizada pela
Análise de Variância de Kruskal-Wallis,
seguido do teste Mann-Whitney, sempre que houvesse
diferenças significativas entre os tratamentos (p< 0,05). Dentro de cada grupo, foi utilizada pela
Análise de Variância de Friedman para as
comparações entre os diversos momentos, seguido do teste de Wilcoxon para a identificação dos momentos
diferentes (p< 0,05). Os animais do grupo buprenorfina
(B) se apresentaram mais sedados em todos os momentos avaliados, seguido do
grupo morfina (M) e por último o grupo tramadol
(T). Na avaliação da dor pela VAS, o grupo tramadol
demonstrou um menor grau de dor nas primeiras 2 horas, seguido pelos grupos
morfina e buprenorfina. Na avaliação da
dor pela escala descritiva, o tramadol apresentou
melhor efeito analgésico nos momentos 2, 4, e 6 horas. Os valores de freqüência cardíaca permaneceu
relativamente constante durante todo o procedimento cirúrgico, só
sendo diferente nos momentos 4 e 6 horas onde a buprenorfina
apresentou valores mais altos. No presente estudo, a diminuição
da FR foi mais pronunciada no grupo morfina. Não foi observada
diferença na PAS entre os grupos. O grupo buprenorfina
apresentou valores mais altos de glicose no momento 6 horas. Neste estudo, a
temperatura corporal não diferiu entre os grupos nos momentos pré e pós-operatório. Com este estudo,
pode-se concluir que o tramadol na dose e regime empregados mostrou-se mais eficiente que a morfina e
a buprenorfina em controlar a dor
pós-operatória da OSH em gatas, sem apresentar efeitos colaterais.
Palavras
chave: Analgesia
preventiva, opióides, gatos.