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UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO PARA ANÁLISE DE CONFLITOS NO USO DO SOLO URBANO

Eng. Civil Liane da Silva Bueno
Mestranda, Eng. Civil – UFSC
e-mail: ecv3lsb@ecv.ufsc.br

Eng. Civil Marlene Salete Uberti
Mestranda Eng. Civil, UFSC
e-mail: ecv3msu@ecv.ufsc.br

Eng. Cartógrafo Ronaldo dos Santos da Rocha
Doutorando Eng. Produção - UFSC
Prof. MSc. Instituto de Geociências – UFRGS
e-mail: rsrocha@if.ufrgs.br

Campus Universitário, Cx. Postal 476, Eng. Civil, Laboratório de Ciências Geodésicas
LABCIG – Tel. (048) 3319598 R. 30

RESUMO

Este trabalho apresenta um método de análise da ocupação urbana em confronto com as declividades variadas, na região central de Florianópolis, utilizando tecnologias de geoprocessamento.

No desenvolvimento deste trabalho gerou-se inicialmente um mapa de uso do solo urbano e um mapa de variação de declividade.

Combinando estes dois mapas gerou-se um mapa de conflito de uso do solo urbano. Este mapa apresenta dez classes de uso/declividades nas suas diversas combinações.

Complementando, gerou-se um mapa síntese apresentando as regiões ótimas, boas, regulares, ruins e péssimas na avaliação da declividade e ocupação urbana.

ABSTRACT

This work presents a method of analysis of the urban occupation in confront with the varied declivities, in the central area of Florianópolis, using geoprocessing technologies.

In the development of this work it was generated initially a map of use of the urban soil and a map of declivity variation.

Combining these two maps a map of conflict of use of the urban soil was generated. This map presents ten use/declivity classes in its several combinations.

Complementing, a synthesis map was generated presenting the great, good, regular, bad and terrible areas in the evaluation of the declivity and urban occupation.

1 - INTRODUÇÃO

No desenvolvimento das civilizações, o homem sentiu a necessidade de habitar e compartilhar espaços comuns numa forma de segurança, racionalidade de recursos e facilidade de convivência. Surgem as cidades.

Com a implementação das atividades de comércio, indústrias, serviços que, aliado a mecanização da agricultura, acelerou o êxodo rural. As concentrações populacionais nas cidades, sem um planejamento adequado causou e causam problemas difíceis de solucionar. Congestionamentos de trânsito, favelização, poluição hídrica, sonora, do ar, desemprego, são alguns dos problemas enfrentados por quase todos os administradores urbanos.

Diversas ferramentas são desenvolvidas na busca de apresentar ao Administrador público alternativas para o gerenciamento de sua cidade.

O geoprocessamento constitue-se atualmente na mais poderosa ferramenta de gerenciamento na busca de soluções para os problemas urbanos.

A densificação urbana, notadamente nos grandes centros, trouxe como consequência a ocupação urbana em regiões impróprias , como encostas de morros ou regiões de preservação ambiental.

Este trabalho apresenta uma metodologia de análise da ocupação urbana em confronto com as declividades variadas, na região central de Florianópolis, utilizando-se de Sistemas de Informações Geográficas.

2 – OBJETIVO

Gerar um mapa de conflito de ocupação urbana e declividade, da região central de Florianópolis, utilizando Tecnologias de Geoprocessamento, afim de visualizar espacialmente o uso e a ocupação do espaço urbano, apresentar classes de variação de declividade assim como as diversas manchas de conflito de uso.

3 – ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo abrange a região central do município de Florianópolis, localizada na porção da Ilha de Santa Catarina, contida nas coordenadas geográficas de: 27 º 34’ à 27º 37’ de latitude Sul e 48º 33’ 50’’ à 48º 32’ de longitude oeste de Greenwich.

O centro urbano da cidade de Florianópolis está localizado na Ilha de Santa Catarina, limitada ao norte e sul pela baía que a separa do continente, e a leste por um relevo acidentado onde se localiza o Morro da Cruz.

As características topográficas apresentam uma parte suavemente ondulada, com variação altimétrica de 0 a 29 metros e uma parte acidentada na encosta do morro da Cruz, com variação altimétrica de 2 a 283 metros. O Morro da Cruz desenvolve-se no sentido Norte-Nordeste, sendo formado basicamente por granitos.


Fig 1 – Região Central de Florianópolis

4 – MÉTODO EMPREGADO

O método adotado para a execução deste trabalho, consistiu das seguintes etapas:

1ª Etapa: Geração do mapa de mancha urbana;

2a Etapa: Disponibilização do mapa digital de declividade;

3a Etapa: Geração do mapa de conflito;

4ª Etapa: Geração do Mapa síntese de Conflito de Uso Urbano.

4.1 - Geração do mapa de mancha urbana

Para a geração do mapa de mancha urbana foram utilizadas fotografias Aéreas analógicas na escala 1/8.000 obtidas através de vôo aerofotogramétrico de 1994, ortofotocartas na escala 1/5.000 de 1979, mapa planialtimétrico analógico na escala 1/10.000 de 1979 do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis).

As fotografias Aéreas foram selecionadas e rasterizadas através do SCANJET – 4C – Hewlett Packard, com 250 dpi.

Os arquivos gerados foram exportados para o software IDRISI para minimização de distorções, georeferenciamento e, posterior vetorização.

Os pontos de controle foram obtidos a partir das ortofotocartas, com o auxílio do software Microstation e o uso de uma mesa digitalizadora DIGIGRAPH Van-Gogh , tamanho A1.

Após a obtenção destes pontos, especificou-se no arquivo de correspondência no IDRISI o número de pontos de controle para cada imagem e os pares de coordenadas x,y, e coordenadas UTM N, E, de cada ponto de controle encontrado.

As coordenadas foram registradas com a finalidade de retificar os arquivos, corrigir as distorções e aplicar uma projeção. Foi indicado o sistema UTM - 22s, uma resolução de 2 metros (unidade de entrada), os valores de X máximo e X mínimo, Y máximo e Y mínimo, para delimitação da área de abrangência de cada arquivo. Em seguida foi determinado o número de colunas e linhas da imagem de saída e, finalmente processou-se o ajustamento utilizando-se a função bi-linear, obtendo-se uma nova imagem, agora georeferenciada e retificada.

Verificou-se um erro médio quadrático RMS variando em torno de 1,0 metro.

A partir do módulo de vetorização, as manchas de ocupação urbana foram fotointerpretadas visualmente, contornadas e registradas em vetores fechados. Estes arquivos foram exportados no padrão DXF.

A geração e edição do mapa de mancha urbana foi executada no software Microstation. Os arquivos vetoriais *.DXF foram importados para o padrão *.dgn e editados.


Fig. 2 – Mapa de ocupação urbana da região central de Florianópolis

4.2 - Disponibilização do mapa digital de declividade

Este mapa foi desenvolvido a partir do mapa planialtimétrico na escala 1/10.000 em que as curvas de nível e pontos cotados foram digitalizados, gerados arquivos *.DAT, e interpolados pelo método de Krigagem.

As classes de declividade foram definidas em função da legislação Federal e Estadual de uso do solo urbano e adequação dos projetos de drenagem, sendo:

Declividade de 0 % a 2 %

Declividade de 2 % a 8 %

Declividade de 8 % a 15 %

Declividade de 15 % a 30 %

Declividade acima de 30%.

4.3 - Geração do mapa de conflito de uso urbano

De posse do mapa de declividade e do mapa de mancha urbana efetuou-se o cruzamento entre os arquivos para gerar o mapa de conflito de uso.

Inicialmente transformou-se os dois mapas gerados para o formato TIFF, no Microstation. Este processo gerou arquivos com 24 bits.

Na importação no IDRISI foi necessário utilizar o módulo BIPDRISI, que transforma o arquivo de 24 bits em 3 arquivos de 8 bits cada. Sequencialmente, gerou-se uma composição de três bandas em um único arquivo colorido de declividade e um arquivo de manchas urbanas.

Com os dois arquivos de mapas disponibilizados, padronizados, contendo os mesmos tamanhos e limites, executou-se a classificação cruzada, combinando distintas classes de entrada dos dois mapas, gerando 10 classes iniciais:

Declividade de 0 % a 2 % com ocupação urbana;

Declividade de 0 % a 2 % sem ocupação urbana;

Declividade de 2 % a 8 % com ocupação urbana;

Declividade de 2 % a 8 % sem ocupação urbana;

Declividade de 8 % a 15 % com ocupação urbana

Declividade de 8 % a 15 % sem ocupação urbana;

Declividade de 15 % a 30 % com ocupação urbana;

Declividade de 15 % a 30 % sem ocupação urbana;

Declividade acima de 30% com ocupação urbana;

Declividade acima de 30% sem ocupação urbana.


Fig 3 – Mapa de Declividade


Fig. 4 – Mapa de conflito do uso urbano.

4.4 – Mapa síntese de conflitos de ocupação urbana

Na análise das classes estabelecidas no cruzamento, foi feita uma reclassificação, generalizando de 10 para 5 classes, e gerando um mapa síntese de conflito de ocupação urbana, sendo as classes:

1 - Áreas classificadas como ótimas:

Com declividade de 2 a 8 %, tendo ocupação urbana ;

Com declividade de 15 a 30 % sem ocupação urbana;

Com declividades maiores que 30% sem ocupação.

2 – Áreas classificadas como boas:

Com declividade de 0 a 2 %, sem ocupação urbana;

Com declividade de 8 a 15 % sem ocupação urbana;

3 – Áreas regulares:

Com declividade de 8 a 15% com ocupação urbana;

4 – Áreas ruins:

Com declividade de 0 a 2 %, tendo ocupação urbana .

Com declividade de 2 a 8 % sem ocupação urbana;

Com declividade de 15 a 30 % com ocupação urbana.

5 – Péssimas:

Com declividades maiores que 30% com ocupação.

5 – CONCLUSÕES

As regiões péssimas ocorrem na encosta do morro da Cruz, em regiões que foram ilegalmente ocupadas, de acordo com a Lei Estadual 6063/82 de parcelamento do solo, que proíbe esta prática.

As regiões ruins possuem características diversas. As regiões de declividades entre 15 a 30 % são locais que devem ser evitados; são necessárias obras especiais para sua utilização devendo ser construídas rampas para pedestres. A faixa de declividade de 2 a 8% são locais ideais para qualquer uso; parecem planos, entretanto, para uma região densamente ocupada, poderia ser aproveitada para ocupação urbana. De 0 a 2% são locais que deveriam ser evitados, pois ter-se-á dificuldades de drenagem, sujeitas a inundações.

As regiões regulares, com declividades de 8 a 15%, com ocupação são locais que servem a ocupação urbana, mas com certas restrições. Na situação original podem servir para atividades que não precisem de construções; em caso contrário, devem ser feitos cortes e aterros para dotá-los de patamares.

As regiões classificadas como boas apresentam declividades baixas 0 a 2 % e declividades médias de 8 a 15 %, ambas sem ocupação urbana.

As áreas classificadas como ótimas apresentam a melhor declividade para ocupação urbana, de 2 a 8 % tendo ocupação urbana, e região ilegal para ocupação, com declividade acima de 30%, não sendo ocupada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Eastman, J. R., Exercícios Tutoriais do Idrisi for Windows. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Centro de Ecologia. Porto Alegre 1996.

LEGISLAÇÃO ESTADUAL DE PARCELAMENTO DO SOLO URBANO – Lei nº 6063/82 Santa Catarina.

Mascaró, J. L., Manual de Loteamentos e Urbanização, Porto Alegre, 1997.

Microstation 95: User Guide. Bentley Corporation – USA – 1995.

 

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