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Alguns animais, quando picam, inoculam a
sua peçonha, produzindo sintomas que variam com a espécie, quantidade de veneno injetado,
condições de nutrição, idade, peso e altura da vítima. São eles:
- cobras venenosas;
- escorpião;
- aranha;
- centopéia;
- marimbondo;
- abelha; e
- outros.
2.1 - PICADAS DE COBRAS VENENOSAS
As cobras são comuns em locais onde existem muitos ratos e preás.
Nem todas as cobras são venenosas. Observar detalhes nos olhos (pupila
vertical como a dos gatos), narinas (presença de dois furos laterais, as fossetas lacrimais), cabeça (formato
triangular), cauda (afunila rapidamente), hábitos (noturno), padrão da cor (na coral verdadeira, os anéis
coloridos dão a volta completa) e outros.
No Brasil, a maioria dos acidentes ofídicos é devido a serpentes dos
gêneros:
- Botrópico (jararaca, urutu e jararacuçu);
- Crotálico (cascavel);
- Laquésico (surucucu); e
- Elapídico (coral verdadeira).
PRIMEIROS SOCORROS
Em caso de picada de cobra:
- não perca tempo em procurar ajuda, pois o tratamento deve ser feito em até 30 minutos após a picada;
- deitar e acalmar a vítima; o acidentado não deve locomover-se com os próprios meios;
- lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão;
- aplicar compressa de gelo no local;
- transportar (em maca) a vítima ao Médico mais próximo, para tratamento (aplicação do soro); e
- levar junto a cobra (viva ou morta) para identificação.
Um procedimento que não é recomendado pelo Instituto Butantan
mas que era feito até há algum tempo atrás, na impossibilidade do transporte imediato do acidentado para um Posto
Médico, logo após a picada, puncionar em volta da picada com uma agulha esterilizada (uns 15 a 20 furos) e chupar
o sangue que saisse, cuspindo-o em seguida (nunca porém deve-se fazer isso se tiver cárie ou ferida na
boca).
NÃO FAZER EM HIPÓTESE NENHUMA
- Torniquete ou garrote;
- Cortar ou perfurar o local (ou próximo da) picada;
- Colocar folhas, pó de café ou qualquer substância que possa contaminar a ferida;
- Oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou qualquer outro líquido tóxico;
- Fazer uso de qualquer prática caseira que possa retardar o atendimento médico.
Os soros comumente aplicados após a picada de cobra são os seguintes:
- cobra desconhecida = soro anti-ofídico (polivalente);
- jararaca = soro anti-botrópico ou soro anti-ofídico (polivalente);
- cascavel = soro anti-crotálico ou soro anti-ofídico (polivalente);
- surucucu = soro anti-laquético ou soro anti-ofídico (polivalente); e
- coral verdadeira = soro anti-elapídico ou soro anti-ofídico (polivalente).
Nos acidentes com cascavel (a cobra com chocalho na ponta da cauda),
a picada é dolorosa no momento, mas desaparece depois de algum tempo.
Passados 30 a 60 minutos, o acidentado(a) fica com "cara-de-bobo",
devido à queda de pálpebras e paralisia dos músculos dos olhos; o indivíduo vê dupla imagem turva. Para
poder ver, tenta abrir as pálpebras e, como não consegue, franze a testa para tentar levantá-las com os
músculos frontais. A urina fica vermelho-castanho-escuro e diminui
muito em volume, ou pára, nos casos mais graves.
O envenenamento por cascavéis é dos mais sérios e de maior
índice de mortalidade, podendo matar em poucas horas, ou após 6-12 dias, devido à lesão renal.
Nas picadas de cascavel, mesmo no caso da dor desaparecer, a vítima deve
ser levada a um Médico, pois ocorrerá necrose ao redor, que pode estender-se por
todo o membro atingido, com a consequente amputação.
Nas picadas de jararaca, além da cara-de-bobo e urina escura
(vermelha e turva), podem aparecer bolhas no local e sangramento das gengivas; o sangue não coagula
e fica uma cicatriz, devido à necrose no local da picada.
2.2 - PICADA DE ESCORPIÃO
Escorpiões são encontrados geralmente nas pilhas de madeira, cercas,
tijolos, telhas e cupinzeiros. Sapatos e botas são ótimos esconderijos.
No Brasil existem cerca de dez gêneros e acima de 50 espécies de
escorpiões, destacando-se a espécie venenosa Tytyus serrulatus , de Minas Gerais.
Para essa espécie existe um soro anti-escorpionídico.
As espécies de cor amarela, comuns em Minas Gerais, são mais
venenosas do que as de cor marrom.
Acidentes com escorpiões são menos frequentes do que os com cobras,
pois eles são pouco agressivos e têm hábitos noturnos.
O seu veneno é potente, ataca o sistema nervoso (neuro-tóxico) e pode
matar nas primeiras 24 horas, principalmente se a vítima for uma criança.
Sintomas: dores fortes, baixa rápida da temperatura do corpo, suor intenso,
aumento da pressão, enjôo e vômitos. Como agir, no caso de picadas:
1 - manter a vítima em repouso e calma;
2 - lavar o local da picada com água e sabão;
3 - não fazer torniquete no membro acidentado;
4 - aplicar compressas frias nas primeiras horas;
5 - aplicar respiração artificial, se a vítima não estiver respirando bem; e
6 - encaminhar a vítima ao Posto Médico ou Hospital.
2.3 - PICADA DE ARANHA
Os tipos de aranha que apresentam maiores perigos são:
- aranha marrom (Loxosceles);
- armadeiras (Phoneutria) - acidentes muito frequentes (75%); e
- tarântulas (Lycosa) - as mais venenosas.
A foto ao lado mostra o local da picada de uma aranha marrom (Loxosceles),
quatro (4) dias depois do acidente. Este é um caso considerado severo.
A mais perigosa, a viúva-negra, é do gênero Latrodectus ,
famíliaTeridiidae e que ocorre no Brasil, do Sul até o litoral do Rio de Janeiro.
No Brasil, são também perigosas: a Ctenus nigriventer ,a
Lycosa raptoria ,a Lycosa eritrognata (esta presente nos gramados da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro) e a Loxoscelis laeta .
Seguir as mesmas recomendações indicadas para as picadas de escorpiões.
Outros animais que podem provocar acidentes são:
- abelhas (as africanas são as mais perigosas);
- vespas ou marimbondos;
- mosquitos (especialmente os borrachudos; a oncocercose, transmitida por mosquitos, pode até cegar);
- lagartas urticantes (taturanas ou peludas, provocam queimaduras);
- borboletas (pelos provocam irritação nas mucosas);
- besouros (as cantáridas possuem substância irritante para a pele);
- formigas;
- arraias (a picada é muito dolorosa; o veneno do seu ferrão na cauda, age sobre o sistema circulatório);
- bagres (seu ferrão serrilhado produz uma picada muito dolorosa);
- baiacus (possuem veneno neurotóxico muito ativo na pele e nas vísceras);
- mariscos (podem provocar intoxicação ao serem ingeridos, quando se alimentam de algas tóxicas);
- caramujos (os Planorbídeos transmitem a Esquistossomose);
- águas-vivas (muitas são venenosas, como as caravelas);
- sapos (todos têm glândulas com veneno viscoso, que penetra pelas mucosas e pode até matar);
- lacraias ou centopéias (ao picarem, inoculam veneno, com dor e reação local);
- carrapatos (provocam coceira e pequena inflamação);
- morcegos (os vampiros atacam os animais e, raramente, o homem); e
- outros.
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