Nem sempre as técnicas preventivas são suficientes para se evitar que surjam os incêndios florestais. Nenhum plano de controle de incêndio pode funcionar sem um adequado sistema de deteção e localização.
O método mais prático e econômico de deteção e localização dos incêndios florestais é o uso das torres de vigilância. Outras formas possíveis são: o patrulhamento terrestre; de avião; ou através de imagens de satélites (como é feito na Amazônia).
As torres podem ser construidas de madeira, aço ou concreto. Têm no topo uma cabine envidraçada fechada, com visibilidade para todos os lados e onde permanece o vigia.
A altura da torre depende da topografia, variando de 10 a 40 m. As mais altas são construidas nas áreas planas. A distância máxima entre duas torres é de cerca de 15 km e cada uma pode cobrir de 15 a 18.000 ha.
Ao se instalar uma rede de torres, não é necessária uma visibilidade de 100% da área. Uma cobertura de cerca de 70% da área florestada já é suficiente e economicamente viável.
Para a identificação do local do incêndio, é necessário que cada torre tenha um binóculos, um rádio ou telefone e um goniômetro (aparelho usado para a determinação da direção do fogo). Os goniômetros devem ter a mesma orientação (o zero apontado para o Norte magnético) em todas as torres. Pode-se, através de coordenadas, determinar com razoável precisão o local do incêndio.
Chamam-se de brigadas de incêndio os grupos de pessoas que receberam treinamento para o combate ao fogo. Cada brigada, por razões de ordem prática, deve ter no máximo, 20 homens.
Após a deteção, comunicação e localização do incêndio (tarefas essas da responsabilidade do vigia da torre), é necessário que o pessoal responsável pelo combate ao fogo, chegue o mais rápido possível ao local do incêndio. A rapidez do ataque é fundamental no sucesso da operação de combate.
Chegando ao local, deve-se estudar detalhadamente a situação antes de se tomar qualquer medida relativa ao combate. A primeira etapa desse estudo é uma avaliação criteriosa do incêndio: tamanho, extensão, velocidade de propagação, intensidade; clima; vegetação; rede de aceiros; estradas; e fontes de captação de água. Daí resultam: a escolha do método de combate; a distribuição das brigadas de incêndio (designando o setor e o serviço de cada qual); e a seleção e uso dos recursos necessários para o combate efetivo ao incêndio florestal.
Para uma maior eficiência no combate aos incêndios, é sempre recomendável ter ferramentas e equipamentos de uso exclusivo para esse fim. Esse material deve estar sempre em condições de uso e armazenado em locais pré- determinados.
Dentre as ferramentas manuais mais usadas no combate ao incêndio florestal, destacam-se: machados, enxadas, foices, pás, rastelos, abafadores, serras, bombas costais, baldes, regadores, lanternas e lança-chamas.
Em incêndios florestais de grande porte, é necessário recorrer aos equipamentos pesados, tais como: tratores com lâmina, caminhões-tanque, motoniveladora, motobombas e até aviões e helicópteros especiais..
Existem pelo menos quatro (4) métodos de combate ao fogo nos incêndios florestais. A saber:
Usado quando a intensidade do fogo permite uma aproximação suficiente da brigada à linha de fogo. São usadas as seguintes técnicas e materiais: água (bombas costais, baldes ou moto-bombas); terra (pás); ou batidas (abafadores).
Usado quando não é possível o método direto e a intensidade do fogo não é muito grande. Consiste em limpar, com ferramentas manuais, uma estreita faixa, próxima ao fogo, para deter o seu avanço e possibilitar o ataque direto.
Usado em incêndios de intensidade muito grande. Consiste em abrir aceiros com equipamento pesado (tratores, etc.), utilizando ainda um contra-fogo, para ampliar a faixa limpa e deter o fogo, antes que chegue ao aceiro.
Usado nos incêndios de copa, de grande intensidade e área e em locais de difícil acesso às brigadas de incêndio. São usados aviões e helicópeteros, especialmente construidos ou adaptados para o combate ao incêndio.
Deve-se procurar encurralar o fogo, tão logo seja possível. Em incêndios pequenos e fracos, o ataque pode ser feito pelo método direto. Em incêndios maiores, o combate deve ser iniciado pelos flancos e ir avançando até a frente.
Deve-se revezar as turmas antes que estejam incapacitadas para a luta por cansaço.
As primeiras tentativas de combate aéreo a incêndios foram feitas em 1930/31 em Spokane, Washington e Sacramento, nos Estados Unidos. C.J.Jensen voou sobre incêndios florestais num avião Hispano-Suisso da I Guerra Mundial, adaptado com 2 pequenos tanques de água. Houve experiências posteriores na Rússia, em 1934, nos EUA e Canadá, em 1937, e EUA e Austrália, em 1940. O primeiro êxito operativo, entretanto, só ocorreu em 1950, no Canadá, quando um avião Beaver, lançou "bombas de água" (bolsas de papel e plástico de 14 litros cada, em grupos de 6 a 8 por vez) sobre um incêndio florestal, conseguindo assim retardar a sua propagação, até que as equipes de terra conseguissem sua extinção total. A partir de então, aumentou muito o uso desta técnica, graças ao uso de aviões remanescentes da II Guerra, já fora de serviço, convenientemente transformados e equipados com depósitos e dispositivos especiais para os "bombardeios de água".
As quantidades de água variam em função da capacidade de combustão da massa. Estima-se que para controlar um fogo de campo, um avião IPANEMA (de fabricação nacional), com capacidade para 500 l de água, cobrindo uma faixa de 10 m, com descarga de 200 l/ha, possa retardar ou suprimir o fogo em 2.500 m, o que ele fará em um minuto de aplicação. Numa distância de 15 km da pista, ele poderá fazer 3 decolagens por hora e, em 8 horas de trabalho por dia, suprimir um incêndio igual ao que consumiu o Parque Nacional das Emas, em 1988.
Aviões e helicópetros são particularmente úteis no lançamento de grandes quantidades de água ou de retardantes químicos sobre o fogo.
Aviões e helicópetros de vários tipos podem ser usados no combate a incêndios florestais.
CARACTERÍSTICAS | CANADAIR | CARUSO | AVENGER | OTTER | BEAVER | TWIN OTTER |
---|---|---|---|---|---|---|
1 . Classe | Anfíbio | Anfíbio | Terrestre | Hidro | Hidro | Terrestre |
2. Capacidade (gal) | 1.200 | 800 | 500 | 230 | 140 | 400 |
3. Local depósito | Fuselagem | Fuselagem | Fuselagem | Fuselagem | Fuselagem | Fuselagem |
4. Vel.cruz.(mph) | 150 | 130 | 160 | 120 | 130 | 140 |
5. N. de motores | 2 | 2 | 1 | 1 | 1 | 2 |
6. Vel. lanç. (mph) | 115 | 105 | 110 | 100 | 100 | 100 |
7. Ext. pista (m) | 1.850 | 1.850 | 1.850 | 1.850 | 1.380 | 1.380 |
8. Carga útil (lb) | 12.000 | 8.000 | 5.000 | 2.500 | 2.600 | 4.000 |
9. Auton. vôo (h) | 6,5 | 5 | 3 | 6 | 4 | 4,5 |
10. Área cob. (ft) | 200x100 | 200x100 | 150x50 | 120x30 | 80x25 | 110x30 |
Entre as finalidades do combate aéreo a incêndios florestais, destacam-se:
Embora de custo elevado, uma PATRULHA AÉREA presta inestimáveis serviços nas extensas áreas
florestadas. Estes serviços, contudo, não dispensam as estratégicas torres de observação implantadas em terra e complementam
a sua ação. O patrulhamento aéreo pode ser feito com ULTRALEVES ou com aviões mono ou multimotores, sendo
estes últimos os preferidos, por motivos de segurança, autonomia e velocidade.
Os vôos de patrulhamento têm por fim identificar o início dos incêndios florestais e devem ser feitos
a baixas altitudes (cerca de 3.000 m do solo), possibilitando assim uma visão de cerca de 15 km para cada lado. Os aviões de asa alta
facilitam a visibilidade.
Usando-se aviões de grande porte, e sendo longas as distâncias, cada incursão pode durar de 1 a 2 horas. Um mesmo aparelho pode realizar 5 a 10 vôos por dia de serviço. Em caso de avistar um incêndio, o piloto deve comunicar à equipe de terra: a) a localização exata do incêndio; b) a situação atual do incêndio; e c) a topografia e características do terreno.
Em 1966 o Canadá fabricou o avião anfíbio CANADAIR CL-215, considerado o protótipo ideal para a extinção de incêndios florestais e que transportava até 5,5 t de água em seus tanques e que não precisa pousar para reabastecer de água; basta haver um lago ou rio nas proximidades, com extensão mínima de 1.800 m para que ele, apenas tocando a superfície líquida, reabasteça e volte ao local do incêndio.
Em 1969 conseguiu-se o sistema mais perfeito de lançamento de água: um depósito de 2.000 litros, colocado sob a fuselagem do avião e cujo fundo é uma membrana plástica que se desprende ao lançar a água, conseguindo-se assim uma caída compacta da mesma. Usou-se na experiência, um avião De Havilland DHC-6 Twin etter.
Para mostrar o potencial dessa atividade, basta dizer que, somente nos EUA e entre 1960 e 1988, aviões e helicópteros de todos os tipos e tonelagens, efetuaram mais de 48.000 horas de vôo por conta de atividades florestais, lançando cerca de 20 milhões de litros de água sobre mais de 1.050 incêndios florestais.
Infelizmente, no Brasil, está tudo por ser iniciado, apesar do grande potencial do país, cuja indústria aeronáutica disputa mercado com países desenvolvidos. Acrescente-se o fato de termos o 5o. maior país do mundo em extensão territorial e de possuirmos as maiores reservas florestais do planeta. Trabalhos de combate a incêndio em canaviais foram realizados em 1981 e 1982 pela AVAL - Aviação Agrícola Lençois, em Lençois Paulistas - SP com bons resultados, usando soluções de DAP - Diamôniofosfato.
Como o calor de combustão do material florestal é de cerca de 5.000 cal/g e o calor latente de evaporação da água é de 500 cal/g, é necessário aplicar cerca de 10 vezes o peso do material combustível existente (em água) para se extinguir o fogo. Segundo VINES, em um incêndio florestal de 800 Kcal/m.s é necessário aplicar água à razão de 1,5 kg/m.s para se dominar o fogo.
Mais eficiente que a água é a aplicação aérea de retardantes químicos (sulfato de amônia, diamônia fosfato, borato de cálcio e sódio) sobre a vegetação ainda não atingida pelo fogo. O diamônia fosfato, por exemplo, pode ser usado na dosagem de 200 g/m^2 de área.
As principais medidas de segurança a serem adotadas após o combate ao incêndio florestal, são: